
PIB dos EUA cresceu 3% no 2º trimestre, melhor que o esperado

O crescimento econômico dos Estados Unidos acelerou no segundo trimestre do ano, segundo dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (30), embora analistas alertem para distorções devido ao fato de as empresas estarem tentando se antecipar às tarifas do presidente Donald Trump.
A maior economia do mundo cresceu a uma taxa anual de 3% entre abril e junho, mais rápido que as previsões dos especialistas, revertendo a queda de 0,5% observada nos primeiros três meses do ano, segundo o Departamento do Comércio.
Isso levou rapidamente Trump a aumentar o tom de suas mensagens pedindo um corte nas taxas de juros: "Devem baixar a taxa agora", disse, em referência ao presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
O Fed (banco central americano) anunciará a decisão de seu comitê de política monetária sobre as taxas nesta quarta-feira.
Os analistas que participaram da pesquisa do Briefing.com esperavam uma taxa de crescimento do PIB de 2,5%.
No início do ano, as empresas começaram a se abastecer para evitar o impacto das eventuais altas das tarifas anunciadas por Trump, mas os estoques já começam a baixar.
"O aumento do PIB real no segundo trimestre refletiu principalmente uma diminuição das importações, que são uma subtração no cálculo do PIB", declarou o Departamento do Comércio.
A recuperação também refletiu um aumento nos gastos dos consumidores, segundo o relatório.
- Distorções -
Os analistas esperavam que o PIB se recuperasse à medida que as importações diminuíssem, mas alertaram que isso poderia não ser sustentável. Os mercados preveem que a iminente imposição de tarifas aumente a inflação, o que pode afetar os padrões de consumo.
"Está muito distorcido pelos fluxos comerciais e pelo inventário", disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, sobre o crescimento do segundo trimestre. Mas a aceleração não é sustentável, declarou à AFP.
Desde seu retorno à presidência dos Estados Unidos, Trump ameaçou e aplicou várias sequências de tarifas. Elas incluem uma taxa de 10% a quase todos os parceiros americanos, aumentos sobre o aço, alumínio e automóveis, além de medidas ao Canadá e México pelo imigração irregular e o tráfico de fentanil.
O governo Trump travou um embate com a China, com ambos impondo tarifas entre si de até três dígitos.
Washington e Pequim chegaram a uma trégua temporária para desescalar o conflito. Ambos concordaram esta semana, em Estocolmo, em prolongar essa pausa, embora a decisão final dependa de Trump.
Bostjancic prevê que a atividade subjacente que impulsiona o crescimento americano se estabilize.
"A economia americana continua navegando por um conjunto complexo de contracorrentes, o que dificulta uma leitura clara de seu impulso subjacente", declarou Gregory Daco, economista-chefe da EY, em uma nota antes do relatório do PIB.
"A atividade econômica está desacelerando mesmo com o ressurgimento das pressões inflacionárias", acrescentou.
"A pressão dos custos aumentados pelas tarifas, a incerteza política, a rígida restrição à imigração e as altas taxas de juros estão freando o emprego, o investimento empresarial e o consumo das famílias", afirmou Daco.
M.Powell--SFF