
Bolsonaristas voltam a Brasília para exigir anistia a condenados por ataques de 2023

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou uma manifestação nesta quarta-feira (7) em Brasília para exigir anistia para seus simpatizantes condenados pelos ataques na capital em 2023, com a expectativa de que ele mesmo participe, apesar de estar convalescente.
Os manifestantes se reunirão a partir das 16h00 (horário de Brasília), a poucos quilômetros da Praça dos Três Poderes, para uma "caminhada pacífica" em direção ao Congresso Nacional, um dos edifícios vandalizados durante o ataque.
Uma força policial será dedicada exclusivamente a acompanhar a manifestação ao longo de seu percurso, informou a força à AFP.
Bolsonaro deve comparecer, apesar de ter saído do hospital no domingo, 17 dias após uma cirurgia abdominal. "Pretendo estar lá também e participar do início dessa caminhada", disse ele em um vídeo publicado nas redes sociais nesta quarta-feira.
Bolsonaro, de 70 anos, está inelegível e aguarda ser julgado por uma suposta trama golpista após sua derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a acusação, o ataque de 8 de janeiro de 2023 foi a "última esperança" da trama liderada pelo ex-presidente, que pode pegar até 40 anos de prisão.
Naquele dia, milhares de manifestantes vandalizaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, enquanto pediam intervenção militar para derrubar Lula, uma semana após sua posse.
Quase 500 pessoas foram condenadas por seu envolvimento nos distúrbios, das quais pelo menos 223 cumprem penas de 11 a 17 anos de prisão.
A mais emblemática foi a de uma cabeleireira condenada a 14 anos de prisão nesta quarta-feira por escrever em uma estátua com batom. Os bolsonaristas consideram Débora Rodrigues, de 39 anos, um símbolo da perseguição judicial contra eles.
- "Pressionar" o Congresso -
"Essas condenações pesadas a patriotas inocentes são um absurdo", afirmou no Instagram o pastor evangélico Silas Malafaia, um dos promotores da manifestação.
O Partido Liberal de Bolsonaro promove, sem muito sucesso, um projeto de lei para conceder anistia a "todos os que tenham participado de manifestações em qualquer lugar do território nacional" após 30 de outubro de 2022.
"Temos que pressionar deputados e senadores porque pertence exclusivamente ao Congresso Nacional dar anistia", disse Malafaia, referindo-se a um Parlamento de maioria conservadora.
Bolsonaro, que espera disputar as eleições de 2026, apesar de estar inelegível até 2030 por questionar o sistema de votação, diz que não será beneficiado pelo projeto de lei de anistia, ao contrário do que dizem seus detratores.
O texto abrange "crimes políticos ou praticados com motivação política".
- Depois de São Paulo e Rio -
Segundo Malafaia, a manifestação terá um público menor do que outros eventos públicos bolsonaristas.
"Para a gente poder fazer uma manifestação gigante precisamos de 30 ou 40 dias e a gente não tem tempo para isso", disse o pastor.
Em abril, Bolsonaro reuniu uma multidão em São Paulo para apoiar a anistia. Seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estimou o público em cerca de "um milhão de pessoas", mas a Universidade de São Paulo o calculou em 45.000.
Em março, um evento semelhante atraiu cerca de 18.000 pessoas no Rio de Janeiro, segundo a mesma instituição.
O Supremo Tribunal Federal, alvo constante de ataques de Bolsonaro, anunciou "medidas de reforço" em sua sede durante a manifestação.
Os ministros da Primeira Turma do tribunal ficarão encarregados de julgar o ex-presidente em uma data ainda a ser definida.
H.Davis--SFF