
De Mbappé à 'Orelhuda': o final feliz num ano em que o PSG viveu perigosamente

O Paris Saint-Germain, que conquistou seu primeiro título da Liga dos Campeões ao golear a Inter de Milão (5 a 0) em Munique neste sábado (31), fechou uma temporada cheia de altos e baixos, que começou com a turbulenta saída de Kylian Mbappé para o Real Madrid.
- Triste saída, novo projeto -
1º de junho de 2024: Mbappé partiu rumo ao Real Madrid em uma transferência gratuita após iniciar processos judiciais ainda em andamento sobre salários e bônus não pagos totalizando € 55 milhões (cerca de R$ 357 milhões pela cotação atual).
O novo projeto nasceu sem estrelas e brilho, sob a tutela do técnico espanhol Luis Enrique, que prometeu que sua equipe jogaria melhor sem Mbappé.
- Crise com Dembélé -
Para a viagem do dia 1º de outubro para enfrentar o Arsenal, Luis Enrique decide dispensar Ousmane Dembélé, suspenso por chegar atrasado ao treino e pela discussão acalorada que se seguiu.
A derrota por 2 a 0 coloca o treinador sob pressão, criticado por sua dureza com o jogador.
Mas Dembélé e Luis Enrique voltam a conversar e prometem trabalhar juntos.
"Tive que tomar uma decisão difícil, mas considero que foi a melhor para a equipe, sem dúvida", explicou o técnico.
"Fui contratado para criar uma equipe e vou fazê-lo. E essa equipe incluirá Ousmane Dembélé, para quem tiver dúvidas", acrescentou.
- Contra as cordas -
No dia 6 de novembro, o PSG recebe o Atlético de Madrid, tendo conquistado apenas quatro pontos em três partidas frustrantes em que se mostrou ineficiente diante do gol adversário.
Contra Antoine Griezmann e sua equipe, o PSG volta a dominar de forma estéril e sofre um gol do time madrilenho num contra-ataque nos últimos segundos (2-1).
Luis Enrique começa a ser criticado pela falta de precisão de sua equipe. Seu discurso, que consistia em reclamar de uma persistente falta de sorte, levanta questões.
Uma nova derrota em Munique (1-0) deixa a equipe na 25ª colocação, praticamente eliminada.
- A reação -
O adversário, o cenário, a atmosfera... A noite de 22 de janeiro de 2025 marcou a reação do PSG.
Castigados por dois gols dos 'Citizens' no início do segundo tempo, os parisienses finalmente se rebelam. Partindo com tudo rumo ao ataque, marcam quatro gols em meia hora para virar o jogo em um Parque dos Príncipes em êxtase.
"Ganhamos confiança a partir daquele jogo. Foi fundamental", disse Vitinha, o 'motor' do meio de campo.
O time floresceu e se tornou um rolo compressor no grande cenário europeu. Luis Enrique explica: "Era preciso sair do bloqueio. Alcançamos nossa eficácia graças à generosidade dos jogadores. Eles buscaram se posicionar melhor na área, e passamos de estatísticas lamentáveis para as melhores da Europa".
- Goleador em série -
A decolagem dos primeiros meses do ano deve muito à metamorfose de Dembélé, durante muito tempo conhecido por seus dribles incessantes e sua falta de confiança no toque final.
Mas em Stuttgart, em 29 de janeiro, o ex-jogador do Barcelona marcou um hat-trick, aproveitando seu reposicionamento como falso 9. Três dias depois, ele repetiu o feito na Ligue 1 contra o Brest, seu futuro adversário nos play-offs das oitavas de final da Liga dos Campeões.
O atacante da seleção francesa se mantém imparável chegando aos 33 gols e 14 assistências em todas as competições, o que o torna um sério candidato à Bola de Ouro.
- Sobrevivendo em Anfield -
Futuro campeão da Premier League e primeiro colocado na fase de liga da Champions, o Liverpool era considerado o melhor time da Europa.
Nas oitavas de final, no dia 5 de março, em Paris, os 'Reds' foram abalados como nunca antes, mas conseguiram uma vitória milagrosa por 1 a 0. Em Anfield, o PSG marcou logo cedo e segurou a vantagem até a lendária disputa de pênaltis, com o goleiro Gianluigi Donnarumma se tornando o herói da noite.
- 'Grand Slam' inglês -
Depois de virar o jogo contra o City, eliminar o Liverpool e conter o Aston Villa nas quartas de final, apesar de alguns sustos em Birmingham (3-1 e 2-3), o último degrau foi o Arsenal, a quem derrotou por 1 a 0 em Londres e venceu novamente (por 2 a 1) em Paris, apesar de ter sofrido muito nos primeiros 20 minutos.
O PSG havia esmagado na Champions a poderosa Premier League, cujos membros, Tottenham e Chelsea, venceram a Liga Europa e a Conference League.
Restava a Inter de Milão na grande final. Com uma atuação impecável em que brilhou o futebol 'total' e coletivo, o Paris Saint-Germain conquista enfim o primeiro título da Liga dos Campeões de sua história.
A.Evans--SFF