
Trump intensifica pressão contra universidades de Harvard e Columbia

O presidente Donald Trump intensificou a campanha contra as principais universidades americanas, ao proibir a emissão de vistos para todos os estudantes estrangeiros que deveriam iniciar seus estudos na Universidade de Harvard e ao ameaçar retirar o credenciamento acadêmico de Columbia.
O magnata republicano pretende submeter as instituições de Ensino Superior ao controle do governo federal, alegando que seus estudantes internacionais representam uma ameaça à segurança nacional, que as universidades ignoram o antissemitismo em seus campi e que perpetuam o viés liberal.
Uma decisão emitida pela Casa Branca durante a noite de quarta-feira (5) afirma que a entrada de alunos estrangeiros para iniciar um curso em Harvard ficará "suspensa e limitada" por seis meses, e que os já matriculados poderão ter o visto revogado.
"A conduta de Harvard a transformou em um destino inadequado para estudantes e pesquisadores estrangeiros", afirma a ordem.
"Estou tremendo. Isto é indigno", disse à AFP Karl Molden, um aluno austríaco de Estudos Clássicos de Harvard. "Ele está abusando de seu poder executivo para prejudicar Harvard tanto quanto pode".
- "Represália" -
O anúncio aconteceu depois que os esforços anteriores do governo Trump para acabar com o direito de Harvard de matricular e receber estudantes estrangeiros foram bloqueados por um juiz.
Washington já cortou quase 3,2 bilhões de dólares (18 bilhões de reais) em fundos e contratos federais que beneficiavam o centro de ensino e se comprometeu a excluir a instituição de Cambridge, Massachusetts, de qualquer financiamento no futuro.
Harvard está no alvo da campanha de Trump contra universidades de prestígio desde que recusou suas demandas para ceder o controle de seu plano de estudos, contratações, seleção de estudantes e "diversidade de pontos de vista".
Trump também anunciou medidas contra os estudantes internacionais de Harvard, que no ano letivo de 2024-2025 representaram 27% do total de matriculados e uma importante fonte de receita.
"Trata-se de outra medida ilegal de represália tomada pela administração, que viola os direitos de Harvard amparados pela Primeira Emenda. Harvard seguirá protegendo seus estudantes internacionais", reagiu um porta-voz da instituição educativa.
A medida drástica contra Harvard foi anunciada um dia após a secretária de Educação de Trump ameaçar retirar o credenciamento da Universidade de Columbia.
O republicano adotou medidas contra a instituição de Nova York , também parte da prestigiosa Ivy League ao lado de Harvard, por supostamente ignorar o assédio aos estudantes judeus, o que coloca em dúvida todo seu financiamento federal.
Ao contrário de Harvard, várias instituições de prestígio, incluindo Columbia, já cederam às demandas da administração Trump, que acusa a elite educacional de ser excessivamente esquerdista.
- "Luta contra o antissemitismo" -
Mas a medida oficial de quarta-feira sugere que não é suficiente para Trump. "A Universidade de Columbia olhou para o outro lado enquanto os estudantes judeus sofriam assédio", afirmou a secretária de Educação, Linda McMahon, na rede social X.
Ela acusou a instituição de ensino de violar as normas que proíbem os beneficiários de fundos federais de discriminar por motivos de origem étnica. "Após o ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, a administração da Universidade de Columbia agiu com indiferença deliberada diante do assédio aos estudantes judeus em seu campus", afirmou McMahon em um comunicado. "Isso não é apenas imoral, mas também ilegal", declarou.
O Departamento de Educação afirmou na nota que seu escritório de direitos civis notificou a entidade responsável pelo credenciamento da Columbia sobre a suposta infração.
O descredenciamento de Columbia poderia implicar a perda de todos os seus subsídios federais, bem como o acesso a bolsas e empréstimos para seus estudantes.
Os críticos acusam a administração Trump de usar as acusações de antissemitismo para atacar as elites educacionais e pressionar as universidades.
Após o anúncio de quarta-feira, um porta-voz de Columbia disse que a universidade "estava ciente das preocupações" apresentadas pelo governo ao seu órgão de credenciamento.
"Abordamos as preocupações diretamente com o órgão", disse o porta-voz. "Columbia está profundamente comprometida com o combate ao antissemitismo", acrescentou.
C.Diaz--SFF